UM CAMINHO DE PALAVRAS
                              Caminho um caminho de palavras
                              (porque me deram o sol)
                              e por esse caminho me ligo ao sol
                              e pelo sol me ligo a mim
                              E porque a noite não tem limites
                              alargo o dia e faço-me dia
                              e faço-me sol porque o sol existe
                              Mas a noite existe
                              e a palavra sabe-o.
António Ramos Rosa, Sobre o Rosto da Terra
Sem dizer o fogo – vou para ele. Sem enunciar as pedras, sei que as piso – duramente, são pedras e não são ervas. O vento é fresco: sei que é vento, mas sabe-me a fresco ao mesmo tempo que a vento. Tudo o que sei, já lá está, mas não estão os meus passos nem os meus braços. Por isso caminho, caminho, porque há um intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo caminho e descubro o meu caminho.
Mas entre mim e os meus passos há um intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com as palavras de vento e de pedras, invento o vento e as pedras, caminho um caminho de palavras.
Mas entre mim e os meus passos há um intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com as palavras de vento e de pedras, invento o vento e as pedras, caminho um caminho de palavras.
                              Caminho um caminho de palavras
                              (porque me deram o sol)
                              e por esse caminho me ligo ao sol
                              e pelo sol me ligo a mim
                              E porque a noite não tem limites
                              alargo o dia e faço-me dia
                              e faço-me sol porque o sol existe
                              Mas a noite existe
                              e a palavra sabe-o.
António Ramos Rosa, Sobre o Rosto da Terra
5 Comments:
a poesia e a reflexão num elevado nível - bonita escolha - super!
bj c.
Mas é claro!Então é daí que conheço a placa.É muito curiosa a designação.Devo ter passado por ela dezenas de vezes e de tal forma se tornou normal que deixei de conseguir situá-la.Pois hoje a Figueira está igualmente tórrida.Ontem a praia estava óptima mas hoje não tenho sequer coragem de meter o pé na rua...Fico contente por teres gostado do blog.Faz-se o que se pode!:-)
camino de palabras, palabras de viento, viento fresco ... que el recorrido nunca tenga límites, sea hecho de noche o a pleno sol
preciosas fotografias un saludo
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